
Só não vale dançar homem com mulher e nem mulher com homem
Friozinho, garoa, ou aquela chuvinha fininha, nojentinha e insistente são ingredientes que não podem faltar aos melhores “São Joões do Mundo”. Que o digam Caruaru e Campina Grande. A “Princesinha do Agreste” e a “Rainha da Borborema” atraem a atenção da população local e de turistas numa interessante manifestação da cultura popular em meio a estratégias de marketing oportunas ou oportunistas, dependendo do ponto de vista e, no mínimo, criativas.
Então, vou falar da minha visita recente às festividades juninas de Caruaru (e também um pouco de Campina) e toda a riqueza de olhar que estas proporcionam.
Em Caruaru, nos fins de semana às tardes, na avenida que não sei o nome, uma espécie de Epitácio Pessoa, acontece as “drilhas”, um tipo de micareta junina, onde os ritmos, passando do axé aos hits internacionais, ganham roupagem matuta, ou seja, são transformadas em forró, formatando o que podemos denominar de “micadrilhas”. Aí tem “Brinkdrilha”, “Trokadrilha”, “Gaydrilha”, “Sapadrilha”, “Missadrilha”, “Cambudrilha” e etcdrilhas para todo e qualquer segmento.
Então, vou falar da minha visita recente às festividades juninas de Caruaru (e também um pouco de Campina) e toda a riqueza de olhar que estas proporcionam.
Em Caruaru, nos fins de semana às tardes, na avenida que não sei o nome, uma espécie de Epitácio Pessoa, acontece as “drilhas”, um tipo de micareta junina, onde os ritmos, passando do axé aos hits internacionais, ganham roupagem matuta, ou seja, são transformadas em forró, formatando o que podemos denominar de “micadrilhas”. Aí tem “Brinkdrilha”, “Trokadrilha”, “Gaydrilha”, “Sapadrilha”, “Missadrilha”, “Cambudrilha” e etcdrilhas para todo e qualquer segmento.


Os protagonistas da Brinkdrilha

Carla Perez soltando a voz e a tartaruga estarrecida
Então, as 14h da sexta, comecei a ouvir, do alto do apartamento de Carlene, o auê que se formava lá embaixo com a concentração da “Brinkdilha”. Desci e fui conferir de perto. De cara se vê que a tradição junina está na veia do caruaruense. Pais e suas crianças, de 1, 2, 3, 4...anos. Crianças de colo, de braço, de carrinho, de chão, de trenzinho. De bigode, chapéu de couro, gibão, vestido de chita, maria-chiquinha. Felizes com faixas de Rainha do Milho. Enfim, era pé de moleque e de menino por todo os cantos. As atrações do Trio da Brinkdilha eram “Juninho Vanerão” e, acreditem, “Carla Perez”. Ela mesma, a ex-rainha do Tchan, sobrevive e resiste, agora focando em outro segmento: nas pobres e inocentes crianças. Na verdade, o trabalho braçal era de Juninho Vanerão (alguém conhece?) que cantava, levava as musicas em ritmo de forró ( “Umbrella” de Rihanna vira “Vai me perder” de Aviões). Mas, tá valendo. Tudo em nome da alegria. E Juninho lá, e Carla Perez ao lado, de shortinho, camisa xadrez, maria-chiquinha e chapéu de palha. Só dando tchau e mandando beijo com tamanha candura que em nada lembrava o Tchan. Então comecei a me perguntar: “e essa prisiaca não vai “cantar”, não??? Na terceira vez que eu perguntei, Carla mostrou a que veio. Com microfone em punho ela começou: Vamo lá, criançada!!! Quero ver todo mundo dançando!!! E soltou a voz: “A dança da tartaruga, a dança da tartaruga, a dança da tartaruga, da tartaruga, meu amor...swingue da tartaruga, swingue da tartaruga, da tartaruga...”
Hahahahahahahahahahahahaha...
Do lado dela uma tartarugona azul de pelúcia coreografava, compondo o cenário lúdico.
E eu embaixo, embasbacada com a versatilidade de Carla.
Hahahahahahahahahahahahaha...
Do lado dela uma tartarugona azul de pelúcia coreografava, compondo o cenário lúdico.
E eu embaixo, embasbacada com a versatilidade de Carla.
O marketing matuto
Outro aspecto que me chamou bastante atenção no São João de Caruaru (que não é novidade nem lá nem em Campina) é o investimento pesado das grandes marcas nas maiores festas juninas do Brasil. Estavam lá:
- Club Social-Kraft ( e não me pergunte o que bolacha tem a ver com São João, porque tem!)
- Teachers, 51, Skol, Rum Montilla;
- Tim (São João sem fronteiras);
- Marisa (passe aqui, faça seu cadastro e ganhe um brinde!)
Destaco a atuação do Bom Bril e o seu arraial do “esfrega-esfrega” (em Caruaru e CG), com DJunino, decoração de panelas na parede, boneca gigante (em CG) desfilando pelo parque do povo com cabelo de Bom Bril, e mocinhas e mocinhas de aço pra dançar com o público que os solicitava, além das gincanas animadas. No final, brinde: chaveirinho da Bom Bril. Nos outdoors e Tv, Carlinhos Moreno, o garoto Bom Bril, celebra o casamento do Brilho e da Limpeza.
Outra associação que parecia impossível, aconteceu. E aí se vê que tudo é possível de se associar a São João. Bom Bril falou de casamento, que lembra casal, união, paixão, amor e, então, amor casa certinho com Serenata (do amor em CG) e com Sonho de Valsa-Kraft (em Caruaru). E o Sonho foi mais alem: levou pra dentro do Pátio do Forró uma roda gigante cor de rosa, com logomarca ao centro. Pra andar nela, casais faziam fila, e ganhavam chocolate do garoto Sonho de Valsa (todo rosa e lilás, vestidinho de Sonho, a coisa mais meiga). Agora tudo era feito pra casal. E aqui vai meu protesto. E os solteirões do forró? E os GLBTs do forró?

Kako na Kaposfera, o planeta de onde eles vêm. Lá cada suco tem personalidade.
Kirina-uva, por exemplo, é a patricinha da turma e tudo dela é cor-de-rosa.
KAPODRILHA
As marcas, principalmente às voltadas para as crianças, tavam presente na Brinkdrilha. Todas com seus mascotinhos fofinhos que volta e meia tiravam fotos com as crianças. Vitamassa, gelinho “não sei o quê”, e todos os sabores da Kapo e seus suquinhos personificados. Interessante que as marcas para as crianças perceberam (muito através de pesquisa) que criança gosta de ter amiguinhos até mesmo nos produtos que come. Assim fez a Del Valle, a Nestlé, a Kapo da Coca-Cola, e tantas outras. Uma aluna falou que o filho adorava os biscoitos divertidos, embora sempre relutasse antes de comer:
- Mainha, e eu vou comer a zirafa??? Mainha, eu tenho pena de comer o elefante!!!
Voltando a Kapo, toda a Kaposfera (planeta descrito no site, habitado por todos os sabores) desceu sua nave em Caruaru. Tavam lá Kirina, a uvinha; Kako, o chocolate;
Kaúri, de abacaxi; Kemi, Maracujá e Kike, de laranja. Eles dançavam, tiravam fotos, sorriam o tempo todo (e nao podia ser diferente, vide a roupinha), ou seja, se materializavam pra crianças sedentas de tomá-los.
Então, de volta a JP, comprei um Kike e uma Kirina, pra Leozinho (meu sobrinho) que adora as tais tintinhas disfarçadas de suco. Então dei a ele, que nao disfarçou o contentamento. Pedi, então, pra colocá-los na geladeira. Quem disse que o pirrai deixou?
- Não, titia!
Se agarrou com os sucos e foi assistir Tv. Era um olho no Pica-pau, outro nos amiguinhos da Kaposfera. Parecido com o fato de que os pirrai que compram os Mclanches felizes da vida, na verdade compram o brinquedo e desprezam o brinde (o sanduíche).
As marcas, principalmente às voltadas para as crianças, tavam presente na Brinkdrilha. Todas com seus mascotinhos fofinhos que volta e meia tiravam fotos com as crianças. Vitamassa, gelinho “não sei o quê”, e todos os sabores da Kapo e seus suquinhos personificados. Interessante que as marcas para as crianças perceberam (muito através de pesquisa) que criança gosta de ter amiguinhos até mesmo nos produtos que come. Assim fez a Del Valle, a Nestlé, a Kapo da Coca-Cola, e tantas outras. Uma aluna falou que o filho adorava os biscoitos divertidos, embora sempre relutasse antes de comer:
- Mainha, e eu vou comer a zirafa??? Mainha, eu tenho pena de comer o elefante!!!
Voltando a Kapo, toda a Kaposfera (planeta descrito no site, habitado por todos os sabores) desceu sua nave em Caruaru. Tavam lá Kirina, a uvinha; Kako, o chocolate;
Kaúri, de abacaxi; Kemi, Maracujá e Kike, de laranja. Eles dançavam, tiravam fotos, sorriam o tempo todo (e nao podia ser diferente, vide a roupinha), ou seja, se materializavam pra crianças sedentas de tomá-los.
Então, de volta a JP, comprei um Kike e uma Kirina, pra Leozinho (meu sobrinho) que adora as tais tintinhas disfarçadas de suco. Então dei a ele, que nao disfarçou o contentamento. Pedi, então, pra colocá-los na geladeira. Quem disse que o pirrai deixou?
- Não, titia!
Se agarrou com os sucos e foi assistir Tv. Era um olho no Pica-pau, outro nos amiguinhos da Kaposfera. Parecido com o fato de que os pirrai que compram os Mclanches felizes da vida, na verdade compram o brinquedo e desprezam o brinde (o sanduíche).


Kako-chocoloate, o gostosão das crianças e Kemi-maracujá, perfeita para os estressadinhos.
Destaque para os bracinhos e perninhas de canudo (observação de Iguinho).

Kime e uma consumidora. Destaque para as frutas espremidas na avenida.
HISTÓRIA DO TAXISTA

Imagino que este poderia ser o cenário da Missadrilha
Engraçado foi o taxista que me levou no guichê da caruaruense. No caminho foi conversando e falando da loucura que estava o trânsito, as ruas que viraram contramão e como isso dificultava o trabalho deles. Ele:
- Moça, num vou atrapalhar sua corrida não. Vou conversar rapidinho. Olhe, mas esse povo só faz dificultar o trabalho da gente. Dia desses fui pegar uma mulher no ponto de ônibus porque fazia mais de uma hora que ela tava lá e o ônibus não passava. E sabe por que, moça??? Por causa duma danada duma Missadrilha. Agora olhe só, moça, em plena 5:30 da tarde, o povo voltando do trabalho, cansado e com fome, doido pra chegar em casa, tomar um banho e comer, e lá ta, no meio da avenida principal de Caruaru, um padre em cima dum trio elétrico e um monte de gente atrás seguindo e cantando. Moça, sinceramente, Jesus não gosta dessas coisas não!!!
E tem mais, eles (o prefeito) deixam pra fazer a coleta do lixo em plena luz do dia, atrapalhando o trânsito. E sabe pra quê??? Pra mostrar serviço. Pra população ver que o prefeito tá trabalhando. Pra ganhar voto.
E eu, a moça, só ali, no banco de trás, apreciando o monólogo-desabafo-sábio dele.
Adorei e registrei.

Imagino que este poderia ser o cenário da Missadrilha
Engraçado foi o taxista que me levou no guichê da caruaruense. No caminho foi conversando e falando da loucura que estava o trânsito, as ruas que viraram contramão e como isso dificultava o trabalho deles. Ele:
- Moça, num vou atrapalhar sua corrida não. Vou conversar rapidinho. Olhe, mas esse povo só faz dificultar o trabalho da gente. Dia desses fui pegar uma mulher no ponto de ônibus porque fazia mais de uma hora que ela tava lá e o ônibus não passava. E sabe por que, moça??? Por causa duma danada duma Missadrilha. Agora olhe só, moça, em plena 5:30 da tarde, o povo voltando do trabalho, cansado e com fome, doido pra chegar em casa, tomar um banho e comer, e lá ta, no meio da avenida principal de Caruaru, um padre em cima dum trio elétrico e um monte de gente atrás seguindo e cantando. Moça, sinceramente, Jesus não gosta dessas coisas não!!!
E tem mais, eles (o prefeito) deixam pra fazer a coleta do lixo em plena luz do dia, atrapalhando o trânsito. E sabe pra quê??? Pra mostrar serviço. Pra população ver que o prefeito tá trabalhando. Pra ganhar voto.
E eu, a moça, só ali, no banco de trás, apreciando o monólogo-desabafo-sábio dele.
Adorei e registrei.