sexta-feira, 11 de julho de 2008

"OS MELHORES SÃO JOÕES DO MUNDO"


Só não vale dançar homem com mulher e nem mulher com homem


Friozinho, garoa, ou aquela chuvinha fininha, nojentinha e insistente são ingredientes que não podem faltar aos melhores “São Joões do Mundo”. Que o digam Caruaru e Campina Grande. A “Princesinha do Agreste” e a “Rainha da Borborema” atraem a atenção da população local e de turistas numa interessante manifestação da cultura popular em meio a estratégias de marketing oportunas ou oportunistas, dependendo do ponto de vista e, no mínimo, criativas.

Então, vou falar da minha visita recente às festividades juninas de Caruaru (e também um pouco de Campina) e toda a riqueza de olhar que estas proporcionam.
Em Caruaru, nos fins de semana às tardes, na avenida que não sei o nome, uma espécie de Epitácio Pessoa, acontece as “drilhas”, um tipo de micareta junina, onde os ritmos, passando do axé aos hits internacionais, ganham roupagem matuta, ou seja, são transformadas em forró, formatando o que podemos denominar de “micadrilhas”. Aí tem “Brinkdrilha”, “Trokadrilha”, “Gaydrilha”, “Sapadrilha”, “Missadrilha”, “Cambudrilha” e etcdrilhas para todo e qualquer segmento.




Os protagonistas da Brinkdrilha



Carla Perez soltando a voz e a tartaruga estarrecida


Então, as 14h da sexta, comecei a ouvir, do alto do apartamento de Carlene, o auê que se formava lá embaixo com a concentração da “Brinkdilha”. Desci e fui conferir de perto. De cara se vê que a tradição junina está na veia do caruaruense. Pais e suas crianças, de 1, 2, 3, 4...anos. Crianças de colo, de braço, de carrinho, de chão, de trenzinho. De bigode, chapéu de couro, gibão, vestido de chita, maria-chiquinha. Felizes com faixas de Rainha do Milho. Enfim, era pé de moleque e de menino por todo os cantos. As atrações do Trio da Brinkdilha eram “Juninho Vanerão” e, acreditem, “Carla Perez”. Ela mesma, a ex-rainha do Tchan, sobrevive e resiste, agora focando em outro segmento: nas pobres e inocentes crianças. Na verdade, o trabalho braçal era de Juninho Vanerão (alguém conhece?) que cantava, levava as musicas em ritmo de forró ( “Umbrella” de Rihanna vira “Vai me perder” de Aviões). Mas, tá valendo. Tudo em nome da alegria. E Juninho lá, e Carla Perez ao lado, de shortinho, camisa xadrez, maria-chiquinha e chapéu de palha. Só dando tchau e mandando beijo com tamanha candura que em nada lembrava o Tchan. Então comecei a me perguntar: “e essa prisiaca não vai “cantar”, não??? Na terceira vez que eu perguntei, Carla mostrou a que veio. Com microfone em punho ela começou: Vamo lá, criançada!!! Quero ver todo mundo dançando!!! E soltou a voz: “A dança da tartaruga, a dança da tartaruga, a dança da tartaruga, da tartaruga, meu amor...swingue da tartaruga, swingue da tartaruga, da tartaruga...”
Hahahahahahahahahahahahaha...
Do lado dela uma tartarugona azul de pelúcia coreografava, compondo o cenário lúdico.
E eu embaixo, embasbacada com a versatilidade de Carla.



O marketing matuto


Outro aspecto que me chamou bastante atenção no São João de Caruaru (que não é novidade nem lá nem em Campina) é o investimento pesado das grandes marcas nas maiores festas juninas do Brasil. Estavam lá:
  • Club Social-Kraft ( e não me pergunte o que bolacha tem a ver com São João, porque tem!)
  • Teachers, 51, Skol, Rum Montilla;
  • Tim (São João sem fronteiras);
  • Marisa (passe aqui, faça seu cadastro e ganhe um brinde!)

Destaco a atuação do Bom Bril e o seu arraial do “esfrega-esfrega” (em Caruaru e CG), com DJunino, decoração de panelas na parede, boneca gigante (em CG) desfilando pelo parque do povo com cabelo de Bom Bril, e mocinhas e mocinhas de aço pra dançar com o público que os solicitava, além das gincanas animadas. No final, brinde: chaveirinho da Bom Bril. Nos outdoors e Tv, Carlinhos Moreno, o garoto Bom Bril, celebra o casamento do Brilho e da Limpeza.

Outra associação que parecia impossível, aconteceu. E aí se vê que tudo é possível de se associar a São João. Bom Bril falou de casamento, que lembra casal, união, paixão, amor e, então, amor casa certinho com Serenata (do amor em CG) e com Sonho de Valsa-Kraft (em Caruaru). E o Sonho foi mais alem: levou pra dentro do Pátio do Forró uma roda gigante cor de rosa, com logomarca ao centro. Pra andar nela, casais faziam fila, e ganhavam chocolate do garoto Sonho de Valsa (todo rosa e lilás, vestidinho de Sonho, a coisa mais meiga). Agora tudo era feito pra casal. E aqui vai meu protesto. E os solteirões do forró? E os GLBTs do forró?



Kako na Kaposfera, o planeta de onde eles vêm. Lá cada suco tem personalidade.
Kirina-uva, por exemplo, é a patricinha da turma e tudo dela é cor-de-rosa.



KAPODRILHA
As marcas, principalmente às voltadas para as crianças, tavam presente na Brinkdrilha. Todas com seus mascotinhos fofinhos que volta e meia tiravam fotos com as crianças. Vitamassa, gelinho “não sei o quê”, e todos os sabores da Kapo e seus suquinhos personificados. Interessante que as marcas para as crianças perceberam (muito através de pesquisa) que criança gosta de ter amiguinhos até mesmo nos produtos que come. Assim fez a Del Valle, a Nestlé, a Kapo da Coca-Cola, e tantas outras. Uma aluna falou que o filho adorava os biscoitos divertidos, embora sempre relutasse antes de comer:
- Mainha, e eu vou comer a zirafa??? Mainha, eu tenho pena de comer o elefante!!!
Voltando a Kapo, toda a Kaposfera (planeta descrito no site, habitado por todos os sabores) desceu sua nave em Caruaru. Tavam lá Kirina, a uvinha; Kako, o chocolate;
Kaúri, de abacaxi; Kemi, Maracujá e Kike, de laranja. Eles dançavam, tiravam fotos, sorriam o tempo todo (e nao podia ser diferente, vide a roupinha), ou seja, se materializavam pra crianças sedentas de tomá-los.
Então, de volta a JP, comprei um Kike e uma Kirina, pra Leozinho (meu sobrinho) que adora as tais tintinhas disfarçadas de suco. Então dei a ele, que nao disfarçou o contentamento. Pedi, então, pra colocá-los na geladeira. Quem disse que o pirrai deixou?
- Não, titia!
Se agarrou com os sucos e foi assistir Tv. Era um olho no Pica-pau, outro nos amiguinhos da Kaposfera. Parecido com o fato de que os pirrai que compram os Mclanches felizes da vida, na verdade compram o brinquedo e desprezam o brinde (o sanduíche).


Kako-chocoloate, o gostosão das crianças e Kemi-maracujá, perfeita para os estressadinhos.
Destaque para os bracinhos e perninhas de canudo (observação de Iguinho).



Kime e uma consumidora. Destaque para as frutas espremidas na avenida.




HISTÓRIA DO TAXISTA


Imagino que este poderia ser o cenário da Missadrilha

Engraçado foi o taxista que me levou no guichê da caruaruense. No caminho foi conversando e falando da loucura que estava o trânsito, as ruas que viraram contramão e como isso dificultava o trabalho deles. Ele:
- Moça, num vou atrapalhar sua corrida não. Vou conversar rapidinho. Olhe, mas esse povo só faz dificultar o trabalho da gente. Dia desses fui pegar uma mulher no ponto de ônibus porque fazia mais de uma hora que ela tava lá e o ônibus não passava. E sabe por que, moça??? Por causa duma danada duma Missadrilha. Agora olhe só, moça, em plena 5:30 da tarde, o povo voltando do trabalho, cansado e com fome, doido pra chegar em casa, tomar um banho e comer, e lá ta, no meio da avenida principal de Caruaru, um padre em cima dum trio elétrico e um monte de gente atrás seguindo e cantando. Moça, sinceramente, Jesus não gosta dessas coisas não!!!
E tem mais, eles (o prefeito) deixam pra fazer a coleta do lixo em plena luz do dia, atrapalhando o trânsito. E sabe pra quê??? Pra mostrar serviço. Pra população ver que o prefeito tá trabalhando. Pra ganhar voto.

E eu, a moça, só ali, no banco de trás, apreciando o monólogo-desabafo-sábio dele.
Adorei e registrei.

domingo, 6 de julho de 2008

MÃE E A CARIDADE COM DINHEIRO ALHEIO


Mãe já é figura conhecida na Padaria de Seu Aluizio.
Teve uma vez que ela chegou lá, comprou o pão e, virou pra um lado, virou pro outro e disse:
- Eu tenho outra coisa pra comprar aqui, mas to esquecendo.
Isso parada com o saco de pão no meio da padaria.
- Oxe, que danado eu vim mais comprar aqui???
Os padeiros, que já a conheciam, e vendo o dilema dela, tentaram ajudar.
- Não é o queijo, não???
E ela: "Não."

- Bolacha???
- Nao, nao...
- Um leite???
- Nao, nao...agora lembrei. É um iogurte que Zalma me pediu...
Isso ela me contou e eu imaginando os padeiros mobilizados pra ajudá-la nessa empreitada.
Enfim...
O bom mesmo foi no dia que ela tava seguindo a tardinha pra padaria, quando D. Dalva a chamou e perguntou:
- Marlene, tu vai pra padaria?
- Vou!
- Tu pode comprar um real de pão pra mim?
- Compro, mulher.
D. Dalva atravessou a rua e entregou um real a ela.
Chegando em Seu Aluízio, e com aquela alegria de sempre, mãe vai, cumprimenta Seu Aluizio, fala com os meninos no balcão, pede o pão, recebe...e nessa hora vê uma caixinha que dizia "Colabore com o Natal dos funcionários". Mãe, de alma bondosa, foi no bolso, pegou um real e colocou lá na caixinha. Os meninos agradeceram.
Voltando, quando vai entrando em casa, D. Dalva grita do outro lado:
- Marlene, comprasse meu pão???
Na mesma hora, mãe pára e diz:
- Mulher, pelo amor de Deus! Doei teu dinheiro pros meninos da padaria...(e começa a rir).
D. Dalva, resignada diz: "Tem problema não, Marlene."
- Não, mulher, vou lá comprar.
-Não, Marlene.
- Então, tá, toma dois pães aí. Tá bom?
- Tá tá...

Pois fica a dica. Quem quiser ajudar, fazer algum tipo de filantropia ou caridade e não se sentir muito a vontade pra fazê-lo pessoalmente, é só dar o dinheiro a mãe que ela resolve. Ô alma boa, Jesus!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

MÃE, E A SAGA DO BOI CONTINUA...


Pegando carona na manada ou cardume de boi, vamos à Parintins, à festa do boi bumbar, onde o caprichoso (azul) e garantido (vermelho) se digladiam no curral ou arena da festa mais importante e representativa do Amazonas. De olho atento na Band (que assim como popularizou o carnaval da Bahia, vem repetindo o feito com a festa de Parintins), está ela: mãe. Acompanhando cada palavra de Datena na exclusivíssima transmissão ao vivo. Mãe acha tudo lindo. Adora a festa, e já arrisca me explicar o que significa o pajé, a cunhã-poranga, a tripa do boi (o caba que fica dentro do boi), etc. Me explica que para o Caprichoso o nome Garantido não é pronunciado e sim fala-se do "boi contrario", e vice-versa. Mãe, vibra com as fantasias, com os carros alegóricos (?), os bonecos e animais gigantescos, o colorido, as danças, a vibração da torcida, enfim...No intervalo, vejo a reportagem da mulher entusiasta do Garantido que conserva a piscina da sua casa vazia para evitar a água azul, cor do boi contrario.
Aí, acontece uma coisa interessante: os comentários de mãe, que não tem Mastercard que pague(volto a repetir).
Na apresentação do Garantido, aparece seu puxador de boi mais famoso: David Assayag. Cego desde os 14 anos, segundo informação de mãe, David é uma celebridade no Amazonas pelo seu vozeirão e amor pelo boi. Então, David aparece devidamente paramentado, cantando, defendendo as cores do seu boi ao lado da mulher, também vestida a caráter, com muitas penas (sustentáveis) ao redor do corpo e de mãos dadas com o marido. Ela representa alguma coisa no folclore que eu não sei dizer. E sua beleza chama a atenção. Tanto que mãe diz:
- Zalma, essa é a mulher dele. Olha como é bonita...de rosto e de corpo.
E entao, solta o comentário cruel:
- Mulher, essa mulher é muito bonita pra ele. E ele é cego, nem pode ver. É um desperdício danado. Ele devia deixar ela pra outra pessoa que vê e pegar uma mais feinha...
hahahahahahahahahahhahahahahahahaha
Caramba! O homem, por ser cego (e apesar de), não tem direito a ter uma mulher bonita. É f....

terça-feira, 1 de julho de 2008

PRA ANIMAR, MAIS UMA DE MÃE.


Foi assim, estávamos indo pra Natal de carro.
Num certo momento, os carros não andavam. Botei a cabeça pra fora pra ver o que estava acontecendo. Pensei que fosse uma batida. Lá na frente, consegui ver que haviam uns boizinhos atravessando a pista. Mãe, do meu lado, perguntou o que havia. Aí eu disse:
- Mãe, acho que é uma manada de boi.
E logo depois me perguntei: "Manada é de boi mesmo???"
Mãe, de imediato, veio me corrigir.
- Nao, menina, se é boi, claro que é boiada!
Hummm...fazia sentido.
Aí começamos a rir e ela meio que a mangar de mim.
Entao eu perguntei: "Entao manada é de quê mesmo???"
E mãe, que tem resposta pra tudo (o que ela não sabe, ela inventa), disse:
- Manada??? Manada é de PEIXE!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHA...
Aí nao deu certo nao. Eu disse: "Mulher, manada pode ser de tudo, menos de peixe, que é cardume. Isso eu tenho certeza.
Então, contando pra algumas pessoas o ocorrido, me esclareceram o que mãe tava querendo dizer: A manada dela era de "cavalo marinho", ou "peixe-boi".
Finalmente, mãe é realmente uma sábia.