
Paraíba masculina mulher-mole, sim Sr.
Eu sou do tempo em que quando se via um congestionamento em JP ou trânsito emperrado, filas de carros, mesmo que pequenas, se pensava logo: ou foi acidente, ou algum carro quebrou, ou tão consertando o sinal. Enfim, tinha que ter um motivo. Hoje, quando vivo cenas semelhantes e o carro vai andando devagar e sempre e se esgueirando pela porta pra ver o ocorrido, e então quando passa do sufoco e vê que não houve nenhum contratempo, vem um misto de alívio e tristeza: alívio porque não houve nenhuma tragédia que motivasse aquela situação, e tristeza por ver que não houve nada extraordinário. É simplesmente o trânsito de JP que não é mais o mesmo, afinal é carro demais pra ruas de menos. É o crescimento da cidade e melhor poder aquisitivo da população que é bom, mas tem seu preço.
Eu sou do tempo em que se jogava bola, baleado (é a nova!), brincava-se de se esconder e as mães ficavam até altas horas da noite nas calçadas conversando com as vizinhas, sem a menor preocupação ou sobressalto ao passar de um carro mais devagar, bicicleta, moto ou transeunte. Eita época boa!
Irônico é pensar que "baleado" hoje lembra bala perdida ou achada mesmo. Ato ou efeito de "Atingir ou ferir com bala." E que brincar de "se esconder" ou esconde-esconde hoje não seria mais um gesto voluntário de meninos que procuram o quintal vizinho ou ficar agachado atrás de um muro pra não ser achado. Hoje alguém pode te chamar pra brincar, sem querer, de "sequestro". É assim: você não se esconde, escondem você, e ainda chamam os pais ou parentes pra participar. Mas só participa quem tiver dinheiro pra dar, do contrário, a brincadeira pode acabar bem sem graça.
Enfim, esse blá blá blá todinho foi pra chegar num episódio que me aconteceu neste dia 04 de março de 2011.
Há 3 dias atrás, voltando da rodoviária as 23h, qd fui buscar meu irmão (percurso que sempre faço quando Romero vem passar o final de semana aqui) notamos o comportamento estranho de um rapaz de bicicleta na subida da ladeira da Tancredo, proximo à Padaria Mirassol. Ele tava na minha frente e ficava olhando pra trás. Mãe notou logo, até porque ela já foi assaltada duas vezes em ruas próximas à minha casa por dois caras de bicicleta, o que já gerou um trauma nela. Então, quando eu acelerei, ele, embalado, jogou a bicicleta pro lado, pra outra mão da pista e, quando passei bem ao lado dele, vi que ele enfiou a mão na bermuda e puxou uma arma. Eu quase não acreditei no que tava vendo. Até porque existe aquela velha crença de que nunca vai acontecer com a gente. Minha reação foi acelerar e pedir à mãe e Romero pra se abaixarem e esperei o tiro. Mas, graças à Deus, ele não atirou. Posso dizer que nunca, nunca em meus mais de 30 anos morando em JP, passei por um perigo tão grande.
A partir de então, vou evitar a Tancredo à noite, pois não quero e nem acho a menor graça em brincar desse "baleado" moderno.
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