
NEY MATOGROSSO, PEDRO LUIS E A PAREDE, SEU ZÉ E A TOALHA
Esta história teve início de uma maneira bem familiar.
Mãe mais tia Mira mais tia Goia me convidam para completar a mesa do Show de Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede. De imediato, aceito.
O show foi na sexta, dia 10.06 e eu tinha que aplicar prova até 10:30. Fiquei torcendo pra Ney ser impontual como a maioria é. Mas, pro meu azar, ela começou o show às 10:10 e eu só pude chegar de 11:35, quando o último aluno entregou a prova.
Debaixo de chuva, chego ofegante à mesa com Ney já cantando e se desmanchando em rebolados no palco. Ele Tava do jeito que o diabo gosta. A Parede são os músicos de Pedro Luís que, registremos, são maravilhosos. Enfim, esse “arrudeio” todinho é pra chegar na parte mais inusitada, impressionante, arrepiante, exclusiva e, diria, absurda do show. Na verdade, eu assisti a dois shows: o de Ney e Pedro e a Parede, óbvio, e o de Seu Zé (vamos assim denominar o elemento) e a toalha.
Então, voltando à cena, chego ofegante, procuro a mesa, acho, sento, e logo tia Mira que deixa a par da situação:
- Zalminha, tá vendo esse homem aí do lado? Faz um tempo que ele tá se masturbando nessa cadeira.
Hã? Como assim? Peraí. Olho em direção ao tal homem, olho ao redor, vejo um ambiente familiar, e mesmo com as luzes apagadas, era claro o suficiente para se notar qualquer movimento suspeito. À minha frente e bem do lado mesmo do sujeito, umas cinco mulheres que já estavam a par da situação, comentavam e riam.
Então, comecei a prestar atenção no sujeito, que na hora que tia Mira me mostrou, tava no intervalo dos trabalhos que já tinha iniciado.
Não deu dois minutos. Num momento em que Ney caprichou no vai-e-vem dos quadris, o cara começou a se agitar na cadeira (ele tava numa mesa sozinho) e, rapidamente, puxou a toalha de mesa para o colo. Nisso, o braço já entrou por baixo da toalha e aí ele começou o movimento, o tumulto embaixo da toalha.
Minha Nossa Senhora! Nunca, na minha vida de barata de show(e olhe que já fui pra muitos shows), tinha presenciado uma cena daquela. Era quase explícito.
O cara de pau, devia ter uns 50 anos, não tava nem aí. Parecia que, no show, só havia ele, Ney e a toalha.
Depois de se aliviar (de parte) daquela agonia, ele botava a toalha no lugar, começava a balançar o corpo na cadeira, e voltava a fumar (acendia um cigarro no outro) e beber. Teve uma hora que passou uma mulher e ele foi cumprimentar. Adivinha com que mão? Eca!!!
Ney cantou uma música mais lenta. E ele, quieto.Depois, um sambinha bem ritmado. Aí falei pra tia Mira.
- Repara. É agora que ele vai aproveitar. O ritmo do samba, o povo entretido, e ele só na cadência. Repara...
Oxe, dito e feito! De novo, a toalha é solicitada. Desce pro colo, que a mão desce pra debaixo da toalha e ele começa a tocar cuíca. Urrurru, Urruru, Urruru...Seu Zé era um percussionista de mão cheia na arte de tocar...cuíca. Acaba-se a música. Seu Zé finaliza o concerto e, ela, a indispensável, a companheira, a cúmplice, volta pra mesa, pra sua tarefa sagrada.
E eu ali, assistindo aos dois shows. Tentando não perder nenhum lance.
Daqui a pouco, passa uma mulher em frente a ele. Ele diz alguma coisa a ela que o ignora. Assim que ela passa de volta, aparecem dois seguranças e começam a olhar Seu Zé. Claro, a mulher o denunciou aos seguranças. Um deles foi até ele e lhe disse alguma coisa. Ele se levantou e acompanhou o segurança. Minutos depois, volta. Olha meio desconfiado ao redor, como se dissesse: quem foi a f...da p...que me denunciou?!
O segurança montou praça numa cadeira ao lado de tia mira (aí já notei um certo clima entre o negão e tia mira) que foi logo passando o serviço:
- Já é a terceira vez que ele faz isso, diz minha tia.
De botuca, o show que o segurança assistiu foi Seu Zé e a toalha.
Mas, depois da denúncia, pensamos, ele né doido de fazer de novo. E aí, instaura-se o clima de tensão. Ele vai ou não “torar uma sola” de novo e ser pego em flagrante. E aí, imagino como seria o termo que o segurança usaria para dar o flagrante? Deixa pra lá.
Voltemos. O segurança de olho nele. Ele de olho em Ney, na toalha e no segurança.
Foi então que vi que Seu Zé era profissional. Mas profissional mesmo. Com muitos anos de carreira nas costas (ou nas mãos?!).
O infeliz não foi pego com a boca (mão) na botija porque era muito esperto. Acreditem, o nojento, sabendo-se vigiado, ainda ensaiou um diálogo com a toalha e o instrumento de percussão dele. Era uma agonia. Pegava a toalha, jogava no colo. E o negão, já pronto pra se levantar.
- Lascou, vai ser agora...(pensei).
Aí ele vinha e começava a esfregar a toalha no colo, nas pernas, como se tivesse se enxugando. O negão relaxava. Daí a pouco ele vinha com a mão esquerda (o negão tava à direita dele) e jogava a mão por baixo. Quando o negão começava a desconfiar do movimento, o prisiaca, jogava a mão pra cima e começava a dançar, como quem dissesse:
- Eu não tenho nada nessa mão...e nem nessa!!! Nem me pega, nem me pega!! Como se zombando do negão.
Foi então que o garçom veio, serviu ele com outra cerveja e, não sei se a mando dos seguranças, retirou a toalha que estava jogada na mesa. Pronto! Acabou-se o show pra ele. E pra nós acabou o show dele, de Seu Zé.
Então, um pouco antes do show acabar, ele sai da mesa. Não sei se foi pro banheiro porque não agüentou a pressão, ou foi mais pra frente do palco, pro meio da galera pra tentar de outras formas. Não sei pra que ele comprou mesa. Com uma cadeira e uma toalhinha de mesa ele faz a festa.
Só sei que seu Zé arrepiou e fez o nome. No show que se chamava “Vagabundo”, Seu Zé foi mais além.
Sim, ela não confirmou, mas acho que tia mira se arranjou com o segurança e trocaram até telefones no final. Bonito vai ser contar como a história de amor deles começou.